quarta-feira, 29 de agosto de 2007

quasarte: Pedintes ao bar

http://www.overmundo.com.br/overblog/pedintes-ao-bar-o-q-fazer

Pedintes ao bar

Acreditamos que parte de nossa felicidade encontra-se nas mesas de bares nos finais de semana com os amigos. Afinal de contas, “damos um duro danado” durante a semana inteira e precisamos de um alívio para nossas frustrações através do consumo de bebidas bem geladas, baladas badaladas e tudo o mais que se puder consumir.

Geralmente nos aborrecemos com pedintes nas mesas dos bares, dos mesmos bares que nos encontramos para relaxar e esquecer dos “problemas” mas, principalmente dos “nossos” problemas.

As reações são as mais diversas, alguns fingem que não vêem, outros dão esmola, outros não dão por “princípio”, outros vêem os pedintes com olhos “piedosos”, alguns estabelecem diálogos bem curiosos e outros ainda se aborrecem. Há aqueles que observam o fato e refletem sobre ele, uma minoria. Outros procuram trazer tal reflexão para um diálogo de botequim e sobram concepções sociológicas, geralmente conformistas, sobre o tema.

Contudo, os mesmos pedintes que nos “aborrecem”, continuam ecoando as vozes de uma maioria que, infelizmente representa a realidade de nosso país e para a qual não podemos virar as costas, até mesmo pela impossibilidade de virarmos as costas para nós mesmos.

Assim, caro cidadão, precisamos sim, encontrar possibilidades para resolver tais problemas no cotidiano e não apenas com moedas de R$0,10. Ainda que, para isso soneguemos os impostos (desviados de seus verdadeiros fins) e o entreguemos diretamente na mão daqueles que deveriam recebê-lo através de empregos dignos para poderem estar ao nosso lado na mesa de um bar, dividindo a conta.

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segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Critica da Imagem Eurocentrica


Como explicita bem o título da obra, o livro empreende uma desconstrução crítica de conceitos que abrangem idéias eurocêntricas[1] arraigadas em nossa cultura, de tal maneira que, ao avançarmos no texto, nos percebemos também, como frutos desta cultura moderna do cinema (europeu e hollywoodiano) e da imagem midiática.

A etimologia serve ao texto como uma das ferramentas fomentadoras dessa crítica. Os autores analisam e questionam a origem de palavras e termos perpetuadores da hegemonia européia tais como: colonialismo, pós-colonialismo,descobrimento, terceiro mundo, dentre outras que, segundo os autores, servem para reforçar as contradições geradas por uma visão que, tende a colocar a Europa como centro irradiador de todos os eventos históricos determinantes do mundo ocidental e, inclusive do oriental.

Os autores propõem o desenvolvimento de uma metodologia com perspectivas sócio-históricas que, levem em conta um raciocínio histórico não-linear. Admitindo a existência de diferentes cronologias ou de tempos ontológicos, para estabelecer uma leitura da história social da humanidade que, leve em consideração, os pressupostos do multiculturalismo, como principal ponto para abordar conceitos complexos e garantir uma compreensão da diversidade cultural e dos sistemas inter-relacionais instituídos nas diferentes sociedades.

Paralelamente, apontam para uma perspectiva de leitura policêntrica em contraposição à eurocêntrica, cujo centro não confluirá de “cima para baixo” e sim de todos os pontos interligados culturalmente no plano geográfico global. Levando quase à inexistência de um centro e sim a aceitação de diversos centros promotores culturais.

Tal abordagem permite revisar a construção histórica moderna, levando em conta diversos pontos de vista, provenientes não apenas do amplo espaço geográfico mas, também, daqueles que foram excluídos historicamente do espectro social contemporâneo. Oprimidos pelo imperialismo desde o século XV com a expansão marítima européia e com a construção de uma nova fase de escrita historiográfica.

Assim, rever o processo de reconstrução do texto histórico moderno torna-se urgente, a fim de reconstruí-lo a partir de uma abordagem plural que agregue vozes de movimentos feministas, étnicos, de gênero, de classe e religião. Aspectos que, juntos, somam uma maioria em busca de representatividade, através do exercício da crítica a indústria midiática e cultural, que empreende a difusão massiva da visão eurocêntrica, racista e segregacionista em detrimento de uma composição heterogênea que preze pela democracia e pelos direitos humanos.

O livro não intenta discutir as origens de tais conceitos ou do multiculturalismo, mas sim, dar continuidade a esse raciocínio a partir de outras abordagens, tais como a análise da imagem cinematrográfica em produções que vão desde o advento do cinema até os dias atuais.

Ambos os autores, professores da Universidade de Nova York, críticos e pesquisadores da imagem cinematográfica, realizam uma análise crítica do cinema eurocentrista colocando-o como uma das principais armas imperialistas responsáveis pela imposição de conteúdos ideológicos favoráveis às classes dominantes. Capaz de influenciar e perpetuar a supremacia de uma classe em detrimento de outras. Sem, contudo, deixar de observar as tentativas de enfocar uma abordagem mais plural ou até mesmo identificando antagonismos que revelam fragilidades dentro dessas produções ou de produções voltadas para a temática étnica e racial. Salientando que todos os povos de uma maneira ou de outra constitui-se desta pluralidade sincrética que não pode ser negada como fator determinante e constituinte da sociedade. Tal negação revela o grau de alienação e racismo de um povo. Contudo, admiti-lo através da propagação de imagens estereotipadas como forma de propaganda ideológica pode, por outro lado, revelar a mesma falha.

Ao longo do texto, são citados filmes de diferentes épocas, desde o cinema mudo, onde os autores já identificam a gênese cinematográfica de ícones e símbolos da campanha imperialista e liberal, ilustrando um período pós-industrial amplamente explorado pela cinematografia européia.

Os autores analisam esses ícones e desnudam sua simbologia contrapondo-os a produções de outros países que, paralelamente, iniciaram suas próprias experiências. Países esses que tiveram suas produções sufocadas pelo poder de dominação e pelo marketing da indústria cultural, sobretudo dos Estados Unidos. Podemos mencionar, as produções citadas pelos autores, de países como a Índia, a América Latina, a China, o Irã, A Argélia dentre outros enumerados e citados com dados bibliográficos regionais e de estudos de descendentes localizados em países europeus e estadounidense.

O livro torna-se leitura obrigatória para todos mas sobretudo para pessoas interessadas em crítica, cinema e educação. Sobretudo pelas dicas que os autores dão a esses profissionais, como podemos ver nas passagens abaixo:

Um professor ou programador de mostra de cinema deve exibir um filme paternalista sobre a África, como Entre dois amores, mas contrastá-lo com um filme africano, como Emitai (1971) Camp de Thiaroye (1987).[2]

Desse modo, professores de história ou de estudo de cinema tornam-se ativistas culturais, orquestrando clivagens iluminadoras de perspectivas e estéticas, montagens intelectuais não de cenas, mas de filmes e discursos.[3]



[1] Os autores definem como eurocêntrica, não apenas as manifestações provenientes do continente europeu mas, também aquelas de países dominantes como os Estados Unidos que mantêm e exercem esta característica marcante.

[2] SHOHAT, Ella e STAM, Robert _ Crítica da imagem eurocêntrica._ Multiculturalismo e representação. São Paulo: Cosac Naify, 2006,

[3] Idem, p. 353.

Links Observatórios de mídia

http://www.canaldaimprensa.com.br/canalant/55edicao/academica.pdf
http://www.direitoacomunicacao.org.br/novo/content_static.php?option=com_content&task=view&id=12
http://renoi.blogspot.com/
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/objetivos.asp
http://www.canaldeimprensa.com.br/
http://www.observatorio.ig.com.br/
http://www.obercom.pt/
http://www.comuniquese.com.br/
http://www.tvebrasil.com.br/observatório
http://www.observatoriodemidia.org.br/
http://www.unb.br/fac/sos/
http://www.univali.br/monitor/
http://www.mediawatch.com/
http://www.aim.org/
http://www.fair.org/
http://www.pmwatch.org/
http://www.cpbf.org.uk/
http://www.eticanatv.org.br/ http://www.tvebrasil.com.br/observatorio/sobre_dines/memoria.htm http://www.igutenberg.org/jjornais24.html http://www.ombudsmaneoleitor.jor.br/pressoes.htm http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos/mo051098.htm
http:// www.metodista.br/unesco/midi@fórum – em 5 set. 2005.
http://www.observatoire-medias.info – em 5 set. 2005.
http://www.portoweb.com.br/PierreLevy/aemergen http://www.saladeprensa.org
http://www.inep.gov.br
http://usinfo.state.gov/journals/itgic/0401/ijgp/ig0402.htm.
http://www.intexto.ufrgs.br/n11/a-n11a5.html

Bibliografia indicada

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AUDTIN, John Langshaw. Sentido e percepção. Trad. Manuel Mora de Oliveira. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
BARBOSA, Ana Mãe. A Imagem no Ensino da Arte: Anos 80 e novos tempos. São Paulo: Perspectiva, 1991.
BARBOSA, Ana Mae (org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002.
BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Trad. de Julio Castañol Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
_________. Rethoric of image. Apud. INNIS. Robert E. (org.) Semiotics. An Introductory Anthology. Bloomington: Midland Book, Indiana University Press, 1985.
BUORO, Ana Amélia Bueno. Olhos que pintam: A leitura da imagem no ensino da arte. 2ª ed. São Paulo: Educ/Cortez, 2003.
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Midias. São Paulo: Contexto, 2006.
CHIARELLI, Tadeu. Identidade/ Não Identidade: Fotografia Contemporânea Brasileira; Junho de 1997, site: http://www.fotoplus.com/fpb/fpb002/b002c.htm.
__________. Tadeu. O tridimensional na Arte Brasileira dos anos 80 e 90. Genealogias e superações. In: Tridimensionalidade. São Paulo: Instituto Itaú Cultural, 1997.
DAY, R. H. Psicologia da percepção; [trad. Departamento de Psicologia Educacional, Faculdade de filosofia, Ciências e letras], Universidade de São Paulo. 3ª ed; Rio de Janeiro: José Olympio,1979.
DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Trad. Marina Appenzeller, 2ªed, Coleção ofício de arte e forma, Campinas, SP: Papirus, 1998.
FLUSSER, Vilém. A filosofia da Caixa Preta: Ensaios para uma futura filosofia da fotografia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.
FOERST, Gerda M. S. Leitura de imagens: Um desafio à educação contemporânea. Vitória: EDUFES, 2004.
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KELLNER, Douglas. A cultura das mídias – Estudos culturais: identidadee política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru: EDUSC, 2001.
KOSSOY, Boris. Fotografia & História, 2ª ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
OLIVEIRA, Ana Claudia (org.) Semiótica Plástica. São Paulo: Hacker Editores, 2004.
PILLAR, Analice Dutra (org.) A educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre: Mediação, 1999.
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SOUZA, Jorge Pedro. Uma história Crítica do Fotojornalismo Ocidental. Florianópolis/Chapecó: Grifos, Letras Contemporâneas, 2000.
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Monografias:

ALVES, Augusto Capovilla. Projeto: FOTO-GRAFA. Vitória: UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), 2006.(monografia de conclusão de curso)
AGUIAR, Tânia Pereira. Leitura de imagens: Uma abordagem na sala de aula. Vitória: UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), 2005. (monografia)

Fotolivros:

HERKENHOFF, Paulo. Rosângela Rennó. São Paulo: EDUSP, 1998.
NEVES, Eustáquio. Coleção FOTOPORTÁTIL, vol.5, São Paulo: Cosac Naify, 2006.
SILVA, Fernando Pedro da & RIBEIRO, Marília Andrés. Rosângela Rennó: Depoimento [Edição do texto e organização do livro: Janaína Melo] Belo Horizonte: C/Arte, Coleção Circuito Atelier, 2003.
RENNÓ, Rosângela. O Arquivo Universal e Outros Arquivos. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
WECHSLER, Lawrence. David Hockney _ Camera works. 1ª ed. London: Thames and Hudson Ltd, Great Britain, 1984.

quasarte: www.kellyTavares.com

http://www.kellytavares.com/

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Venda sob Prescrição




Memorial
descritivo
da obra

A presente série fotográfica é resultado de um projeto que tinha como principal manifestação as intervenções urbanas na cidade de Vitória no Espírito Santo e a cidade de Florença, na Itália.
Foi desenvolvido em 2005 e exposto em fevereiro na Bienal de Arte e Cultura da UNE em São Paulo, no Pavilhão de exposições do Parque do Ibirapuera e em maio na ciadade de Florença.
A obra caracteriza-se por um objeto. Uma caixa de papelão revestida com folha de jornal xilogravada, em preto e vermelho, com imagens de mapas-múndi imaginários criados pela artista.
O desejo de conhecer o mundo e descobri-lo é desenvolvido nesta obra através da incisão de formas imaginárias sobre a madeira, que representam mapas imaginários impressos em preto sob um fundo vermelho sangue.
Inúmeras interpretações podem ser feitas em torno de tal obra, uma delas referente ao título cujo, Venda sob prescrição seria proveniente de uma alusão às tarjas pretas dos remédios controlados vendidos no país e cuja referência inicial, remetia às noticias da imprensa, veiculadas pelo jornal, principal suporte no qual a artista cria estes cenários- mundos. Consumir notícias hoje, passou a ser fator de risco, daí a necessidade de se consumir sob prescrição, preferencialmente elaborada por uma crítica de mídia, para se precaver de eventuais atentados à saúde da democracia.
Intervir no meio urbano com tais objetos seria alertar para a urgência de se estabelecer um papel ativo diante dos meios de comunicação de massa sabendo de sua importância e poder de manipulação da opinião pública.
Este trabalho, exposto na Itália, leva o título de Vendita su la prescrizione e
assume um valor diverso uma vez que neste país não existem remédios de rótulos pretos o que impede a associação com a idéia inicial. Contudo, a potência da imagem e das idéias suscitadas pela conexão entre cores fortes (vermelho e preto), notícias de um jornal estrangeiro (A Gazeta de Vitória/ES) e os meios de comunicação de massa levam o espectador a estabelecer suas relações de questionamento, estranhamento e apreciação estética quando posto diante do objeto em questão.
Procuramos realizar inúmeras possibilidades de inclusão destas caixas em relação aos espaços urbanos, tendo a fotografia como principal fonte de registro da ação, como geralmente, sucede com este tipo de manifestação.
As fotografias reproduzidas fazem parte de uma série de cerca de 50 imagens produzidas com câmera analógica pelo artista plástico Luca Fontani. Procuramos relacionar tais objetos não só com os espaços físicos mas, também pesquisamos as relações que as pessoas poderiam estabelecer com tais objetos a fim de verificarmos suas reações. Pudemos verificar reações diversas de constrangimento, bom-humor, indagação e contemplação. Constituindo-se, este momento, em fator precioso de observação da recepção da obra.

Intervenção cirúrgica





Memorial descritivo da obra

O presente projeto ainda em andamento, tem como unidade modular, objetos compostos por fotografias cubificadas.
“Intervenção cirúrgica”, entende-se por incisões, cortes e exclusão sobre o plano fotográfico, centrados em determinadas partes de um corpo. Neste sentido as incisões fragmentam a imagem fotográfica, conferindo-lhes uma nova forma de fruição. Agora o observador é restringido à metade da imagem e a fragmentos ainda menores, mudando desta maneira, a relação entre a obra e o público.
Agrupando as imagens segundo um julgamento estético pessoal, estabeleço novos “punctuns”. Seleciono as áreas a serem visualizadas e velo os lados e a face posterior de alguns cubos. A fim de concluir e pontuar esta seleção pessoal, feita a partir de seleção alheia, fecho um determinado número de cubos, em um invólucro de material acrílico. Quando digo partir de uma seleção alheia, refiro-me àqueles trabalhos fotográficos produzidos por outrem. Refugos obtidos dos quase extintos laboratórios fotográficos P&B.
Contudo, algumas composições, são produzidas e selecionadas segundo um critério pessoal desde sua essência, ou seja, a partir de fotografias produzidas por mim.
O caráter relacional da obra é o foco da exposição. Apresenta ao público a possibilidade de tocar a fotografia e adquirir um novo conhecimento sobre a imagem que emerge nesta relação de inferir sobre o objeto.
Objetos palpáveis, que ganham movimento nas mãos do observador. Ganham novos “punctuns” e significados outros que podem abranger o lado oculto de cada elemento em particular.As dimensões dos objetos variam de 8cm (cúbicos) a 30cm (cúbicos). Mais imagens podem ser vistas no site: